Epidemiologia das infecções relacionadas à assistência à saúde em unidade de terapia intensiva pediátricas do estado de Goiás, 2016
Resumo
As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são eventos adversos infecciosos que acometem os pacientes durante a assistência oferecida pelos serviços de saúde.1 Os pacientes mais susceptíveis a essas infecções são aqueles em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por serem submetidos a vários procedimentos invasivos, possuírem sistema imunológico comprometido e condições clínicas precárias.2 O objetivo do trabalho foi analisar a epidemiologia das IRAS das UTI pediátricas do estado de Goiás notificadas em 2016.
Estudo descritivo analítico do banco de dados do Formulário Nacional de Notificação de IRAS (FORMSUS) e analisados no programa Microsoft Office Excel versão 2007.
Em Goiás existem 10 UTI pediátricas (UTI PED) com Comissão de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (CCIRAS) cadastradas no FORMSUS. A adesão das CCIRAS das UTI PED em Goiás ao sistema de notificação nacional de IRAS variou de 80% a 90%/mês em 2016. As IRAS notificadas foram: Pneumonia Associada à Ventilação (PAV), com densidade de incidência (DI) de 11‰/ano; Infecção Primária de Corrente Sanguínea Laboratorial (IPCSL), com DI de 5,7‰/ano; e Infecção do Trato Urinário (ITU), com DI de 4,1‰/ano. A densidade de incidência das IPCSL em UTI PED de Goiás é semelhante a nacional (5,7‰).3 O perfil fenotípico dos microrganismos prevalentes nas IPCSL em Goiás foi: Staphylococcuscoagulase negativo (32%); Klebsiella pneumoniae (14%); Staphylococcus aureus (12%); Pseudomonas aeruginosa (12%); Candida spp. (8%); Enterobacter spp. (8%); Serratia spp. (4%) e Escherichia coli (4%). A Candida spp. é o terceiro microrganismo na notificação nacional, segundo da região Centro-Oeste,3 porém em Goiás é o quinto microrganismo mais prevalente. Com relação ao perfil de resistência dos cocos Gram-positivos nas IPCSL, dos Staphylococcus coagulase negativo notificados 100% das amostras eram resistentes à oxacilina e 50% das amostras de Staphylococcus aureus eram resistente à oxacilina. Já o perfil de resistência dos bacilos Gram-negativos foi: Enterobacter spp. resistente às cefalosporinas de 4ª geração (75%); Escherichia coli resistente aos carbapenêmicos e às cefalosporinas de 3ª e 4ª geração (50%); Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenêmicos e às cefalosporinas de 3ª e 4ª geração (28,6%) e resistente somente às cefalosporinas de 3ª e 4ª geração (42,9%); Serratia spp. resistente às cefalosporinas de 3ª e 4ª geração (50%) e Pseudomonas spp. resistente aos carbapenêmicos (16,7%).
As CCIRAS das UTI pediátricas de Goiás apresentaram alta adesão ao sistema de notificação nacional de IRAS. A PAV é a IRAS com maior densidade de incidência, seguida por IPCSL e ITU. O Os cocos Gram-positivos apresentaram alta prevalência de resistência a oxacilina e os bastonetes Gram-negativos alta resistência à cefalosporinas e carbapenêmicos. Há necessidade de ações preventivas para disseminação desses microrganismos resistentes.
REFERÊNCIAS
- BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática. Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Brasília, DF, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2013. 168p.
- Kelly D, Kutney-Lee A, Lake ET, et al. The critical care work environment and nurse-reported health care–associated infections. Am J Crit Care 2013; 22 (6): 488-90. doi: 10.4037/ajcc2013298
- ANVISA. Boletim de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde nº 14: Avaliação dos indicadores nacionais das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e Resistência microbiana do ano de 2015. Brasília (DF), 2016. 83p.
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