Tuberculose no Ambiente Hospitalar: Desafios e Perspectivas da Atualidade

Resumo

Apesar de antiga, a tuberculose (TB) segue sendo um importante problema de saúde pública no Brasil. Nosso país preconiza o tratamento da doença na atenção básica, porém, grande parte dos casos segue sendo diagnosticado de forma intra-hospitalar. Em 2020, o Brasil registrou 66.819 novos casos de TB em seu território. O diagnóstico e tratamento da TB deveria ser resolutivo em mais de 90% dos casos na atenção básica, de acordo com o recomendado pelo Ministério da Saúde. Esse cenário, porém, não condiz com o panorama atual na maioria dos municípios do Brasil, onde a doença é diagnosticada e tratada em regime hospitalar em níveis avançados da doença em cerca de 30-40% dos casos^1-3.

Além disso, os ambientes hospitalares são considerados de alto risco para transmissão da tuberculose. Medidas como redução do tempo de internação do paciente bacilífero e restrição nos setores de isolamento respiratório e em locais com formação de aerossóis, podem auxiliar no controle da infecção^4-5.

Embora o tratamento em uma unidade de atenção hospitalar propicie melhor vigilância acerca do tratamento, possibilitando a realização mais facilitada do Tratamento Diretamente Observado (TDO), as equipes de controle à infecção hospitalar (CCIH) podem lutar com a falta de recursos, como antibióticos e exames básicos necessários para o tratamento oportuno e acompanhamento da remissão do quadro grave, bem como dificuldades técnicas e operacionais. As dificuldades na adesão ao esquema terapêutico, seja por reações adversas às medicações, falta de apoio do serviço de saúde ou estigma podem ocasionar o abandono ou descontinuidade do mesmo, acarretando maior durabilidade do tratamento, multirresistência bacteriana, além de sofrimento psíquico e social ao paciente^2,3,6.